Um casal traindo escondido num prédio que desabou virou música em um dos maiores discos da música brasileira 133h55
Um professor e uma vendedora de seguros escolheram um péssimo dia para trair. 3u4t2
Essa história parece coisa de filme, mas aconteceu de verdade.
No dia 25 de setembro de 2002, um prédio de cinco andares desabou no centro do Rio de Janeiro. Virou pó. Esse prédio ficava na Rua do Rosário, número 55, e lá funcionavam um chaveiro, uma lanchonete e um hotel.

Foto: André Teixeira/Agência O GLOBO
A lanchonete estava em obras, o hotel e o chaveiro funcionavam normalmente.
Por volta das três horas da tarde, ouviram um estalo estrondoso dentro do prédio.
Depois do barulho, o seu Raimundo, porteiro do prédio, percebeu que as paredes estavam soltando pedaços e saiu correndo, desesperado, para avisar todo mundo. Outras pessoas que trabalhavam no prédio saíram para tirar as pessoas dos prédios vizinhos.
O seu Raimundo ficou para tirar as pessoas de dentro do prédio. Tirou todo mundo. Quando ele estava saindo, lembrou que um casal tinha entrado na hora do almoço no quarto 105 e ainda não tinha saído.
Voltou, interfonou no quarto, mas ninguém atendeu.
Subiu as escadas e foi até o primeiro andar, no quarto 105, tocou a campainha, bateu na porta, mas ninguém respondia.
Ele sentia que a qualquer momento o prédio ia cair.
Como ninguém apareceu, o seu Raimundo saiu correndo e, quando ele pisou fora do prédio, olhou para trás e só enxergou uma enorme nuvem de poeira. O prédio virou pó. Do estalo que ele ouviu até o desabamento foram cinco minutos.
Depois que a montanha de escombros se formou, o socorro começou a chegar.

Três pessoas que estavam ando na rua na hora tiveram ferimentos leves por causa das pedras.
A galera que trabalhava no prédio estava toda por ali, todo mundo bem.
O casal que estava no quarto 105 não foi encontrado quando tudo desabou g6w26
Os bombeiros começaram as buscas e todo mundo tentando saber quem seriam aquelas duas pessoas.
O seu Raimundo, o porteiro, não sabia os nomes. Aquele hotel não pedia os nomes para entrar no quarto, se é que me entende. Mas ele contou que os dois sempre pegavam um quarto ali nesse mesmo horário. Ficavam umas duas horas, pagavam e iam embora.
A imprensa começou a apertar o seu Raimundo para saber mais desse casal. O povo queria saber quem tinha ficado preso nos escombros. Aí ele falou que sabia que eles trabalhavam por ali no centro, que o homem era um senhor calvo, grisalho, alto e forte. A mulher era baixinha, morena de cabelo comprido.
Primeiro dia de buscas e nada de encontrarem o casal.
Segundo dia revirando os escombros, não encontraram nada.
No terceiro dia os bombeiros avisaram que encontraram. Sob os escombros, um homem e uma mulher, abraçados e sem vida.
Na época, o filho do homem pediu para que a identidade dele não fosse revelada para preservar a família.
Mais tarde, descobriram que os dois eram casados com outras pessoas e cada um tinha uma família: Um professor de 71 anos e uma vendedora de seguros de 48.
A transformação da tragédia em canção m512p
Um ano depois, uma banda carioca lançava o terceiro álbum. O nome desse disco é uma palavra que significa destino, acaso. E a faixa 11 tentou imaginar o que ava na cabeça daquele casal:
Veja você, onde é que o barco foi desaguar
A gente só queria o amor
Deus parece às vezes se esquecer
Marcelo Camelo, da banda Los Hermanos, retratou até o momento em que o seu Raimundo bateu na porta:
Deixa o moço bater, que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos pra um amor de tantas rugas (porque eram mais velhos)
Não ter o seu lugar
Um dos vizinhos do prédio contou para os repórteres que viu uma mulher acenando na janela minutos antes do prédio desabar:
Abre a janela agora, deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
O professor e a vendedora de seguros simplesmente aceitaram que aquele era só o começo do fim da vida deles:
Diz quem é maior que o amor?
Me abraça forte agora
Que é chegada a nossa hora
Vem, vamos além, vão dizer
Que a vida é ageira
Sem notar que a nossa estrela
Vai cair
Los Hermanos gravou “Conversa de Botas Batidas” no álbum Ventura, que foi considerado um dos maiores álbuns da música brasileira pela revista Rolling Stone.
E aí, vocês acham que esses dois escolheram mesmo ir embora juntos?
Ouça “Conversa de Botas Batidas”
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