Será o fim do financiamento imobiliário? 3z86z
A CEF anunciou que vai alterar as regras dos financiamentos de imóveis que estejam na faixa de até R$ 1,5 milhão, faixa essa que atinge, diretamente, a classe média 11283s
Se está em seus planos comprar sua casa própria e para isso você pensa em financiar o imóvel e decidiu escolher a CEF (Caixa Econômica Federal) para buscar o recurso para o financiamento, talvez seja momento de você ter que repensar essa decisão.
Isso porque, recentemente, a CEF anunciou que vai alterar as regras dos financiamentos de imóveis que estejam na faixa de até R$ 1,5 milhão, faixa essa que atinge, diretamente, a classe média, a partir de novembro próximo.

As regras valem tanto do Sistema de Amortização Constante (SAC) como pela tabela Price. Pelas novas regras, estão incluídos imóveis novos, usados, comerciais, construção individual e lote urbanizado. Pela tabela SAC, o financiamento que antes era de até 80% do valor cairá para 70%. Pela tabela Price a de 70% para apenas 50% do valor.
Outra novidade é que os valores de entrada também foram alterados. O consumidor, que antes precisava ter 20% do valor do imóvel para dar de entrada, agora precisará ter 30% no caso do SAC e 50% no caso da Tabela Price
E qual o motivo dessa decisão?
Você sabia que o recurso que a CEF usa para financiar os imóveis vem das cadernetas de poupança?
Isso significa que de todo saldo de depósitos em poupança que o Banco tiver, obrigatoriamente, 65% disso seja direcionado ao SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) que é uma linha de financiamento para a compra de imóveis, como casas, apartamentos e terrenos, novos ou usados. Esse sistema (SBPE) contempla até 80% dos imóveis de até R$ 1,5 milhão.
E, como já mencionamos anteriormente aqui na coluna, os saques da poupança vêm aumentando nos últimos anos e isso vem acontecendo porque o investidor está ampliando seu nível de educação financeira e conhecimento sobre investimentos. Neste ano, segundo informações do Banco Central, a poupança já acumula uma retirada de aproximadamente R$ 11 bilhões.
Os Bancos de Investimentos, as Corretoras, as Fintech’s financeiras hoje têm permitido aos clientes terem o a vários tipos de investimentos diferentes, com muita facilidade, e, com melhor perspectiva de retorno.
Ou seja, a redução do estoque do dinheiro que está em poupança é um caminho sem volta. As pessoas já estão entendendo que a poupança traz prejuízo e, a cada dia, menos pessoas têm em mente a poupança como alternativa de investimento.
A contrapartida disso é que quanto menos dinheiro em poupança, menor é a quantidade de recursos que serão direcionados ao SBPE e, consequentemente, menor será o valor disponibilizado para os financiamentos imobiliários.
Do valor a ser liberado em 2024, que é de R$ 70 bilhões, a CEF já havia liberado até setembro R$ 63,5 bilhões, ou seja, 90% já foram desembolsados e ainda restam 3 meses para finalizar o ano.
Isso indica que o financiamento imobiliário vai acabar? Com certeza não! O mercado tem formas de gerenciar essa questão.
Analisando de forma mais detalhada a situação, dado a essa mudança de comportamento do investidor, existem algumas alternativas para suprir essa demanda que seriam a captação de recursos por meio de outras fontes para financiamentos, como, por exemplo, as LCI’s (Letras de Crédito Imobiliário), os CRI’s (Certificado de Recebíveis de Crédito Imobiliário), LH’s (Letras Hipotecárias).
Essas alternativas se apresentam como uma alternativa de investimento em Renda Fixa que capta recursos dos investidores no mercado para financiamento imobiliário. Todo investidor que coloca seu dinheiro em alguma dessas aplicações acaba “emprestando” uma determinada quantia a consumidores que querem financiar uma casa própria. Em troca, esses investidores irão receber o valor corrigido ao final do investimento. Esses investimentos podem ser realizados diretamente nesses instrumentos ou mediante aplicação em Fundos de Investimento, ou seja, nada mais é do que o investidor emprestar o seu dinheiro para um banco que assume o compromisso de investir esses recursos no setor imobiliário.
O inconveniente dessa migração pode ser o encarecimento das taxas das operações de financiamento imobiliário, isso porque se o valor que será destinado aos contratos de financiamento vem através do recurso de poupança o custo é de 8% já se vier desses instrumentos alternativos (LCI, CRI e LH’s) o custo dobra e vai para 16%. O motivo disso é que os títulos de crédito privado custam mais caro para as instituições financeiras e, fatalmente, esse custo precisa ser reado aos interessados em contrair um financiamento.
Mensagem que podemos ter em mente a partir do anúncio dessas mudanças. A CEF, com menos dinheiro para emprestar, será muito mais criteriosa para emprestar o dinheiro e, fatalmente, vai precisar cobrar mais caro.
O que nos faz pensar que, diante deste cenário atual, é que o mercado imobiliário está entrando numa vertente de mudança e que serão necessárias soluções que tragam inovações para o setor e, também, uma mudança de abordagem deste assunto para que o mercado imobiliário, que é um motor de desenvolvimento econômico para o país, não sofre tanto com os impactos destas mudanças e, principalmente, para garantir aos brasileiros que continuem tendo o as linhas de financiamento imobiliário com custo justo e que não tenham que abrir mão do grande sonho que é o da casa própria.