Dia da Mulher: veja 5 dicas para não errar no presente v2k6b
Pegue aquele seu copo térmico famoso e venha ver a listinha marota que preparei com 5 dicas do que você pode dar de presente nesse dia 8 de março. q2ct
No Dia da Mulher, meu texto é para os homens. Sim, para os homens. Já posso imaginar a mensagem que virá no cartão grampeado no bombom: “Parabéns mulher guerreira, mãe, amiga, aquela nos dá a vida!”. Obrigada, mas troco esse seu gesto por algo que vai te dar um pouco mais de trabalho.
Senta aqui, nós precisamos conversar.
No Dia da Mulher, quero te fazer outra proposta. Tá pronto?
Quero que você se mexa para tornar o mundo um lugar menos horrível para as meninas. Quero que você me ajude a combater o machismo cotidiano.
“Tá, mas como é que eu faço isso?” você deve estar pensando, se perguntando se o que tem feito não é suficiente.
Bem, concordo que é difícil para um homem entender onde está o machismo cotidiano, porque ele não te afeta, não te tolhe, você não é a vítima. O machismo te favorece, por mais que você seja um cara legal que não faça uso proposital dessa herança do patriarcado (diferente de outras almas sebosas por aí que vendem até e-book e cursos para ensinar homens a se beneficiarem do machismo. Se abrirmos a conta bancária de certo coach red pill, até você cai da cadeira).
Mas hoje estou aqui para te ajudar!
Então pegue aquele seu copo térmico famoso e venha ver a listinha marota que preparei com 5 dicas do que você pode dar de presente nesse dia 8 de março:
1) Aprender a não interromper uma mulher quando ela estiver falando.
Isso se chama “manterrupting” e é uma prática tão odiosa quanto comum. Não a interrompa e nem demonstre seu desinteresse olhando para o lado e pegando o celular. Se você não dá importância para o que ela tem a dizer, simplesmente não fale com ela. Se você PRECISA ouvi-la, então trate de se sentar na cadeira da humildade e apenas ouça.
2) Entender que jamais deve comentar sobre o corpo de uma mulher.
Mulheres têm sua competência validada de acordo com o peso, sofrem muito com a pressão estética: tá magra? Tá bonita! Tá gorda? Tá doente. Existe uma ideia antiga de que emagrecer é uma coisa boa para a mulher e que todas lutam por isso, então você pode achar que está elogiando, mas na verdade, não sabemos a razão desse emagrecimento. Foi dieta ou depressão? Se ela engordou, você não sabe se foi desleixo ou ansiedade, abandono, hipotireoidismo, aborto espontâneo. Seu comentário pode arruinar o dia de uma mulher, então, guarde-o para si.
3) Não se sentir diminuído quando liderado, nem superior na mesma função
Se ela está onde está, lutou o dobro por isso. Obedecer uma mulher não te diminui, a autoridade feminina não te castra. Não consegue ser comandado por uma mulher sem se comportar como um adolescente raivoso? Não a a ideia de acatar o que ela diz sem vociferar? Então seu lugar é na terapia, não na internet. Vocês ocupam a mesma posição? Não aceite ganhar mais do que ela. Não é justo. Você não pode ser conivente com isso porque um dia, sua filha estará na mesma posição e a única maneira de garantir a justiça para ela, é começando.
Diminuir uma mulher em posição de liderança não te faz mais líder que ela.
4) Entender que não existe profissão de mulher.
Existem duas profissões que não enfrentam o machismo corporativo: babá e empregada doméstica. A função de cuidar é naturalmente relegada à mulher. Do mesmo modo, a que exige força física, ao homem. Você raramente vê uma estivadora, assim como raramente vê um empregado doméstico no Brasil. A mulher não precisa provar mil vezes que é competente para uma função majoritariamente masculina: ela sabe atuar nas forças armadas, no Bope, na construção civil, na política, na oficina mecânica, na concessionária de caminhões. Ela é a dona da clínica, a delegada-geral, a presidente do grupo, a diretora da fábrica. Lide com isso.
5) Nunca qualifique a decisão de uma mulher usando hormônios
Sempre que puder, refute a frase “Ela está de TPM” quando alguém quiser carimbar uma mulher de descompensada. Jamais aceite um “Ela está grávida” como desculpa para fragilizar uma mulher. Ninguém diz que você está mal-humorado porque está na andropausa, ou porque não está namorando, se é que me entende. Hormônios interferem na sensibilidade, não na nossa capacidade de raciocinar.
No Dia da Mulher, o seu comprometimento no combate ao machismo cotidiano é um presente valioso. A mudança de comportamento alivia o coração de qualquer mulher adulta, já exausta de lutar pelo mínimo de equidade e empatia em todos os ambientes.
Ser mulher não me fragiliza nem me transforma em sua oponente. Se existe espaço para todo mundo, então nos faça esse pequeno favor. Não custa, te juro, ar pela vida ocupando apenas o seu assento.
Igualdade não é um presente assim tão difícil de oferecer, nem que seja em doses homeopáticas de sensibilidade e respeito.
O que eu quero hoje é que você comece.
Presente bom mesmo é o que dá para dividir. Esse, sem dúvida, rende mais que o bombom.
