Minúsculo e venenoso, sapo colorido carrega fama mortal até no nome 5m6o3e
Cientistas descobriram duas novas espécies dos sapos-ponta-de-flecha em região remota da Amazônia, na bacia do rio Juruá 5mp21
Cientistas brasileiros descobriram, em uma região remota da Amazônia, duas novas espécies do minúsculo, colorido e venenoso sapo-ponta-de-flecha. O nome do anfíbio não é por acaso: a toxina presente na pele ao animal é usada por indígenas em dardos de zarabatana para a caça de presas.

As novas espécies 2i618
Com listras azul-esverdeadas de tons metálicos no dorso e nas laterais do corpo, a espécie Ranitomeya aquamarina encontrada a oeste da Amazônia, na bacia do rio Juruá, foi considerada “uma joia escondida na Amazônia”. A descoberta foi publicada em artigo científico no jornal ZooKeys.
Na mesma região, os pesquisadores também encontraram a Ranitomeya aetherea – aetherea significa “celestial” em latim. O anfíbio, de apenas 15 milímetros, apresenta listras azuis ao longo do corpo e pernas cor de cobre, com manchas marrons. A nova espécie foi descrita em artigo publicado no jornal PLOS ONE. O autor principal é o biólogo Esteban Diego Koch, doutorando em Genética e Biologia Evolutiva do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
Características únicas 4y1x5u
Um aspecto que chamou a atenção dos cientistas foi o fato de que as duas espécies depositavam os girinos em folhas de uma planta específica – a bananeira-brava –, algo inédito para espécies desse gênero, que geralmente utilizam troncos de árvores e bromélias para esse propósito.

Para chegar à região onde esses sapos foram encontrados, os pesquisadores enfrentaram vários dias de viagem.
“Para chegar lá, pegamos um avião pequeno, que só voa para essa região duas vezes por semana. Aconteceu de ele não conseguir pousar, e então precisamos esperar mais quatro dias para pegar o próximo. Depois, viajamos mais de dez horas num barco para subir o rio”, contou o biólogo Alexander Mônico, pesquisador de pós-doutorado no INPA, ao portal Conexão Planeta.
Há mais de uma década, novas espécies do gênero Ranitomeya não eram descritas nessa localidade, o que comprova o alto grau de dificuldade no mapeamento de novas espécies.
Quem se deparou pela primeira vez com os espécimes e suspeitou que eles poderiam ser inéditos para a ciência foi Albertina Pimentel Lima, pesquisadora titular do INPA, durante uma expedição de campo.

Ela entrou em contato com Alexander, que seguiu o trabalho para a análise dos anfíbios em laboratório e mais adiante, retornou à região do Juruá para realizar novas análises e coletas de amostras.
O sapo-ponta-de-flecha é o anfíbio com a maior variedade de cores da natureza e “fabrica” o próprio veneno por meio da alimentação.
Sua dieta é composta por insetos como formigas, cupins e moscas. Suas cores variam entre o amarelo, laranja, vermelho e azul, mas eles também podem ser pretos com manchas coloridas ou colorido por inteiro.